Marcelo Queiroga também ressaltou a importância do acompanhamento voltado para as doenças cardiovasculares, principal causa de morte em mulheres recuperadas do câncer de mama.
Foto: Myke Sena
Uma doença que pode afetar até 66 mil mulheres por ano e é a principal causa de morte entre as brasileiras. Um diagnóstico que assusta, com maior chance de cura se for feito precocemente. Por isso, detectar a doença no início pode reduzir consideravelmente os índices de mortalidade. O Ministério da Saúde apresentou nesta quarta-feira (20), no “Outubro Rosa”, um balanço sobre as ações da pasta na luta contra a doença no país e a importância de conscientizar mulheres a procurar, desde cedo, os serviços de saúde para diagnóstico.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a Primeira-dama, Michelle Bolsonaro, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), Socorro Gross e outras autoridades participaram de um evento nesta quarta, no Palácio do Planalto.
“O Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS), o maior sistema de acesso integral, universal, igualitário e gratuito do mundo tem uma política de saúde muito forte direcionada ao câncer. O câncer de mama é a principal causa de morte nas mulheres e afeta mulheres ainda jovens, então nós temos que fazer diagnóstico precoce, fazer o tratamento adequado e curar todas aquelas que têm câncer de mama no Brasil”, disse o ministro da Saúde.
Mesmo enfrentando um cenário pandêmico em virtude da Covid-19, entre os anos de 2020 e 2021, investiu mais de R$ 196,7 milhões em 4,5 milhões de exames de mamografia para diagnóstico e rastreio da doença; aplicou mais de R$ 5,7 milhões em 6,5 mil reconstruções mamárias; e destinou mais de R$ 10,5 milhões em 25,1 mil cirurgias para o tratamento de câncer de mama.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que foram realizados 2,5 milhões de mamografias em 2020, sendo 300 mil de mamografias diagnósticas, nos casos em que o médico identifica um caroço no seio da paciente e encaminha para realizar o exame; e 2,2 milhões de mamografias de rastreio, exame realizado em caráter preventivo. Nesse último caso, o exame é indicado uma vez a cada dois anos em mulheres entre 50 e 69 anos, mesmo que a paciente não tenha nenhuma suspeita. Isso se faz necessário pois é nessa faixa etária que o desenvolvimento da doença se apresenta de forma mais agressivo.
Ainda de acordo com o Inca, em 2020, 49.692 casos de câncer de mama foram identificados. Para os casos em que as mulheres precisam de quimioterapia ou radioterapia, todos os procedimentos são oferecidos pelo SUS. Em 2021, até agosto, mais de 108,8 mil pacientes passaram por esses tratamentos. Ao todo, foram mais de 4,2 milhões de procedimentos deste tipo, com investimento de R$ 714 milhões.
“Temos uma política pública organizada, nós oferecemos todas as opções terapêuticas: o tratamento cirúrgico, quimioterapia, radioterapia e a possibilidade de reconstituição da mama no mesmo ato do procedimento cirúrgico destinado à extirpação do câncer na mama”, enfatizou o ministro.
Queiroga aproveitou para chamar a atenção para outro problema associado ao câncer de mama: as doenças cardiovasculares. “A terapia contra o câncer de mama tem impacto no coração. Nós sabemos que, entre as mulheres que se curam de câncer de mama, a primeira causa de mortalidade é a doença cardíaca. Precisamos alertar a população acerca desses aspectos. Então, já deve constar no tratamento do câncer uma avaliação cardiológica para verificar os fatores de risco”, afirmou.
O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ainda ocupa o primeiro lugar. Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer revela que entre os anos de 2020 e 2022, 66.280 casos novos de câncer de mama podem surgir na população brasileira. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Por isso, o Ministério da Saúde vem promovendo ações em todo o Brasil e reforçando políticas públicas para fortalecer a prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama.
A doença geralmente se manifesta através de um nódulo irregular, duro e indolor. Às vezes, com consistência branda, globosos e até bem definidos. Mas não importa o formato. Ambos são sinais de alerta e demandam cuidados. Com um leve toque na mama é possível identificá-lo e, quanto mais cedo isso ocorrer, mais chances a pessoa tem de cura. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam que em 2019, 18.295 brasileiros vieram a óbito, sendo 18.068 mulheres e 227 homens. Apesar de raro, a doença também acomete o sexo masculino.
“Abrace o Marajó”
No Arquipélago da Ilha do Marajó, no estado do Pará, o Ministério da Saúde tem realizado ações de assistência e cuidados integrais à saúde da mulher. Em uma parceria com os ministérios da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH) e da Defesa, por meio do projeto “Abrace o Marajó”, o arquipélago recebeu ações da Saúde para a prevenção e controle do câncer de colo uterino e câncer de mama. Ao todo, 10 médicos especialistas no atendimento à mulher foram enviados à região para realizar atendimentos com foco no “Outubro Rosa”. Essa ação começou no último dia 17 de outubro.
As mulheres que vivem nas regiões ribeirinhas puderam passar por exames clínicos de mama, mamografia e biópsias de colo do útero. Além disso, na Ilha de Marajó, os profissionais que atual nas Equipes da Estratégia de Saúde da Família e Saúde Bucal puderam ser qualificados e preparados para melhorar a atenção ao Pré-Natal de baixo risco.
O Ministério da Saúde também tem realizado testes rápidos de gravidez, inserção do dispositivo intrauterino (DIU) para as mulheres marajoara. A previsão é que sejam realizados 800 procedimentos desse tipo até o final da semana.
Ministério da Saúde