Mercado subiu para 5,88% a previsão em torno do IPCA. Alta da inflação em outubro e incerteza quanto à responsabilidade fiscal do próximo governo estão entre as possíveis explicações, avaliam economista e parlamentar. Estimativa para o PIB cresceu para 2,8%.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
O relatório Focus divulgado pelo Banco Central, nesta segunda-feira (21), apontou a quarta alta seguida da expectativa do mercado para a inflação em 2022. A previsão, agora, é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 5,88%.
O que se observava antes da primeira alta era uma tendência de queda das previsões em torno do IPCA, expressas em 17 revisões seguidas do índice para baixo, no Focus. Isto é, desde o fim de junho.
Segundo o economista chefe da Gladius Research, Benito Salomão, é difícil explicar se a previsão de alta em torno da inflação se deve ao crescimento de 0,59% do IPCA em outubro ou às incertezas em torno da responsabilidade fiscal do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Será que a inflação está crescendo em grande medida por expectativas relacionadas à política econômica do governo eleito ou será que as previsões estavam subestimadas durante a eleição para ajudar o governo atual? É uma questão difícil de responder, porque é um tanto quanto subjetivo”, avalia.
Depois de três semanas sem mudar, a expectativa quanto à inflação em 2023 voltou a subir. As projeções dos analistas de mercado ao Banco Central apontam para um IPCA de 5,01% no ano que vem. No Focus da semana passada, a estimativa era de 4,94% de alta.
Para o deputado federal Gilson Marques (Novo-SC), o mercado já está reagindo à incerteza quanto à responsabilidade fiscal do governo do presidente Lula.
“Cumprindo, infelizmente, as promessas de campanha, o presidente eleito está dando todos os sinais de que vai quebrar a regra de ouro, ultrapassar o teto de gastos, enfim, ligar a impressora de moeda. O que acontece é que vamos ter mais dinheiro circulando no mercado com a mesma quantidade de produtos e serviços sendo perseguidos. Ou seja, a consequência é o aumento dos preços. O mercado, na verdade, já se adianta a esses movimentos”.
PIB
A estimativa para o PIB deste ano voltou a crescer, na visão dos analistas. A variação foi de três décimos percentuais, fazendo com que o indicador chegasse aos 2,8%. Já em 2023 a economia deve crescer 0,7%, de acordo com o Focus. A expectativa em torno da taxa Selic, a taxa de juros, permaneceu igual para 2022: 13,75%. No entanto, após 10 semanas de estagnação, a estimativa em torno da taxa de juros para 2023 cresceu, alcançando os 11,5%.
Fonte: Brasil 61