Deputado do PL solicita investigação formal sobre publicação em redes oficiais que contraria posição diplomática do Brasil; Gayer vê risco à credibilidade internacional do país.
Por Richelson Xavier
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) protocolou, na tarde desta quinta-feira (10), um requerimento de informação direcionado ao Ministério das Relações Exteriores, cobrando explicações sobre a publicação de um vídeo em redes sociais oficiais do governo federal que representava regiões da Ucrânia como parte da Federação Russa. O conteúdo foi alvo de forte repercussão negativa e posteriormente removido, segundo a Secretaria de Comunicação (Secom).
No documento, Gayer questiona se o Itamaraty foi previamente consultado sobre a peça audiovisual e cobra esclarecimentos sobre os possíveis impactos diplomáticos da divulgação. Ele também pede detalhes sobre os canais de validação existentes entre a Secom e o MRE (Ministério das Relações Exteriores) para a publicação de conteúdos relacionados à política externa.
“A ausência de coordenação institucional em temas tão sensíveis compromete a credibilidade da diplomacia brasileira. Precisamos saber quem autorizou, quem produziu e por que isso foi publicado”, afirmou o parlamentar em nota.
O vídeo em questão foi produzido por um influenciador digital contratado por uma agência vencedora de licitação pública, conforme justificativa apresentada pela Secom. No entanto, Gayer argumenta que a peça violava princípios constitucionais da política externa brasileira, como a defesa da soberania dos Estados e a não intervenção — previstos no artigo 4º da Constituição.
Entre os seis questionamentos oficiais enviados ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, estão:
- Se o Itamaraty foi previamente informado ou envolvido na aprovação do vídeo;
- Se a representação de regiões ucranianas como território russo está de acordo com a posição oficial do Brasil;
- Quais medidas foram tomadas para mitigar eventuais danos diplomáticos;
- Se houve protesto ou pedido de explicações por parte de embaixadas ou organismos internacionais;
- E quais ações institucionais serão adotadas para prevenir novos episódios semelhantes.
O requerimento também destaca a importância de manter a coerência entre os discursos diplomáticos do Brasil e as ações de comunicação oficial, alertando para o risco de “narrativas descoordenadas” que prejudiquem a imagem internacional do país.
Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores não se manifestou publicamente sobre o pedido do deputado. O caso agora segue para apreciação da Mesa Diretora da Câmara, que deve encaminhar formalmente os questionamentos ao Executivo.