Em entrevista coletiva, chefe do Executivo afirma que governo priorizou serviços essenciais, ampliou atendimentos, reduziu despesas em R$ 300 milhões e enfrentou cenário de forte restrição financeira herdado da gestão anterior.
Por Richelson Xavier – Foto: Paulo de Tarso/ Prefeitura de Anápolis
O prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), concedeu entrevista coletiva à imprensa para apresentar o balanço do primeiro ano de sua gestão à frente do município. Durante a prestação de contas, o gestor destacou avanços em áreas consideradas prioritárias, como saúde, educação e mobilidade urbana, ao mesmo tempo em que detalhou medidas de contenção de gastos e os desafios fiscais enfrentados desde o início do mandato.
Segundo o prefeito, a administração iniciou o governo em um contexto de dificuldades econômicas, mas buscou resultados concretos no dia a dia da população. “Fui eleito para ser um governo de mudança. A população não quer desculpa, quer ver a mudança chegando no seu dia a dia, nos seus problemas”, afirmou. Para Corrêa, o principal termômetro da gestão não são pesquisas formais, mas o contato direto com os moradores. “A melhor pesquisa é aquela que a gente anda pela rua, conversa com a população. Nosso jeito de governar é andando pela cidade, ouvindo e dialogando.”
Na área da saúde, apontada como a principal prioridade, o prefeito apresentou números que, segundo ele, demonstram a reorganização do sistema. No Hospital Municipal Alfredo Abrahão, unidade que não realizava procedimentos cirúrgicos em 2024, foram feitas mais de 5 mil cirurgias de emergência e eletivas ao longo do ano. O hospital também realizou mais de 200 mil exames laboratoriais. “Todas essas cirurgias antes eram encaminhadas para o HEANA”, disse.
Corrêa destacou ainda a ampliação da rede de urgência e emergência. A unidade da Vila Norte, inaugurada pela atual gestão, atendeu mais de 30 mil pacientes no ano. Já o Hospital Alfredo Abrahão registrou mais de 60 mil atendimentos. Segundo o prefeito, antes dessas intervenções, a demanda ficava concentrada na unidade da Vila Esperança, que chegou a ter pacientes nos corredores. “Nós conseguimos resolver a demanda de urgência e emergência”, afirmou.
O prefeito também comparou o atual modelo de gestão com o período anterior, criticando a atuação de uma organização social que administrava serviços de saúde. Segundo ele, foi identificado um rombo de R$ 42 milhões, além de problemas relacionados à qualidade dos procedimentos. “Hoje, as cirurgias eletivas são realizadas por médicos capacitados, com história na cidade”, disse, ao afirmar que a prioridade passou a ser eficiência aliada à qualidade do atendimento.
Na educação, Márcio Corrêa afirmou que, mesmo com restrições financeiras, a prefeitura ampliou mais de 2 mil vagas na educação infantil por meio da implantação de salas modulares. O prefeito também destacou melhorias na alimentação escolar. “A realidade da merenda era extremamente precária. Hoje, nas escolas de tempo integral, os alunos têm quatro refeições por dia”, afirmou.
Outro ponto abordado foi a mobilidade urbana. O prefeito disse que as intervenções foram definidas a partir das demandas apresentadas pela população. Entre as ações citadas estão obras nos trevos do Ayrton Senna e do Recanto do Sol, além de intervenções previstas na região da Brasil Norte, no trevo da Havan, próximo ao bairro Verona. A sinalização da entrada da Vila São Vicente, onde havia registro frequente de acidentes, também foi destacada.
No campo fiscal e administrativo, o prefeito ressaltou medidas de austeridade adotadas desde o início da gestão. Segundo ele, houve economia de cerca de R$ 20 milhões com a redução de aluguéis de máquinas e equipamentos, além de mais de R$ 15 milhões com a revisão de contratos de softwares. “Tínhamos uma farra do software. Hoje, fazemos programas a custo praticamente zero para a gestão”, afirmou, citando como exemplo um sistema educacional que custava R$ 700 mil por mês.
A prefeitura também reduziu em mais de 70 por cento os gastos com aluguel de veículos, máquinas e equipamentos. De acordo com Corrêa, todos os equipamentos passaram a ser rastreados e permanecem sob controle direto do município. “Isso é zelo com o dinheiro público, sem regalia”, disse. O prefeito afirmou ainda que não utiliza veículo oficial nem combustível da prefeitura desde que assumiu o cargo, como forma de dar exemplo à administração.
Ao tratar da situação financeira herdada, Márcio Corrêa afirmou que o município assumiu uma dívida fundada de R$ 1,7 bilhão, com parcelas mensais elevadas. Segundo ele, apenas o serviço da dívida consome cerca de R$ 20 milhões, além de um repasse mensal superior a R$ 4 milhões ao Iça, em razão de um déficit superior a R$ 100 milhões deixado na autarquia. O prefeito também apontou uma queda de arrecadação de R$ 180 milhões, especialmente em recursos vinculados ao ICMS.
Apesar do cenário adverso, Corrêa afirmou que a gestão optou por não recorrer a novos empréstimos, em razão da classificação fiscal do município, atualmente enquadrado na Capag C. Segundo ele, a estratégia é reorganizar as contas para melhorar a nota e renegociar contratos no futuro. “Nós estamos organizando a gestão para dar fôlego ao município”, afirmou.
O prefeito também mencionou a existência de mais de 40 obras inacabadas herdadas da gestão anterior, incluindo a ponte estaiada, que recebeu investimento de R$ 130 milhões e, segundo ele, tem apenas cerca de 30 por cento da obra executada. No campo econômico, Corrêa citou a saída de uma grande empresa da cidade, com faturamento anual superior a R$ 1 bilhão, como fator que impactou negativamente a arrecadação, mas disse que a prefeitura trabalha para melhorar o ambiente de negócios e atrair novos investimentos.
Ao final da entrevista, Márcio Corrêa afirmou que a combinação de corte de regalias, redução de cargos comissionados e revisão de contratos permitiu uma redução de R$ 300 milhões na despesa de custeio da prefeitura. “Nossa meta era reduzir R$ 100 milhões, mas conseguimos reduzir R$ 300 milhões. Entregamos mais serviços à população, gastando menos”, concluiu, ao afirmar que ainda há muito a avançar, especialmente na área da saúde, considerada o principal desafio da gestão.












