Mesmo com queda nas receitas totais e alta no serviço da dívida, município apresenta equilíbrio fiscal, mantém limite de pessoal abaixo do prudencial e amplia aplicação em saúde e educação.
A Prefeitura de Anápolis apresentou nesta semana o balanço fiscal do 1º quadrimestre de 2025, revelando um cenário de austeridade nas contas públicas. Mesmo com uma queda de 14,40% na arrecadação real e recuo de 99,23% nas receitas de capital, o município conseguiu encerrar o período com superávit orçamentário de R$ 46 milhões.
As receitas totais realizadas somaram R$ 672,9 milhões — queda de 9,96% em termos nominais em relação ao mesmo período de 2024. Descontada a inflação acumulada de 5,53% (IPCA), a queda real foi ainda mais expressiva. A arrecadação tributária cresceu apenas 0,78% em termos reais, alcançando R$ 234 milhões, com destaque para o aumento de 10,7% no IRRF e retrações no IPTU (-1,23%) e no ISS (-3%).
Do lado das despesas, o corte foi significativo. Os gastos liquidados totalizaram R$ 626,8 milhões, uma redução de 14,9% em relação ao ano anterior. Os investimentos sofreram forte queda (-94,3%), passando de R$ 110,8 milhões para apenas R$ 6,2 milhões. Já o serviço da dívida cresceu 88,72%, saltando de R$ 29 milhões para R$ 54,7 milhões, pressionado por compromissos com empréstimos contratados em gestões anteriores.
Apesar disso, o município cumpriu os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. O gasto com pessoal ficou em 45,50% da Receita Corrente Líquida (RCL), abaixo do limite prudencial (51,30%). Na área social, os índices constitucionais foram superados: 24,63% da receita de impostos e transferências foram aplicados em saúde (mínimo exigido é 15%), e 27,42% foram destinados à educação (mínimo é 25%).
A Dívida Consolidada Líquida (DCL) também apresentou retração, passando de R$ 644 milhões em dezembro de 2024 para R$ 558 milhões em abril de 2025. Isso resultou em um resultado nominal positivo de R$ 108 milhões, embora ainda abaixo da meta da LDO, com desempenho 7,2% inferior ao previsto.
Entre os desafios enfrentados, o relatório aponta o comprometimento da capacidade de investimento da cidade, impactada pela classificação “C” da CAPAG — o que limita acesso a operações de crédito — e pelo aumento de 813% nos contratos de empréstimos entre 2017 e 2024.