Governador de Goiás reage com indignação à decisão do Supremo Tribunal Federal e afirma que ex-presidente não foi julgado nem condenado: “Não se pode cercear o direito da fala de ninguém”.
Fotos: Lucas Diener e Cristiano Borges
Durante entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (22), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), fez duras críticas à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para Caiado, a medida é desproporcional, fere princípios básicos da democracia e impõe um constrangimento indevido a quem ainda não foi condenado pela Justiça.
“Eu recebi com muita tristeza. Sabe por quê? Porque não se impõe a quem não foi julgado, não é condenado, não responde por nenhum crime”, afirmou o governador. Segundo ele, qualquer cidadão tem o direito de se defender e de se expressar livremente até que haja uma sentença definitiva. “Não se pode cercear o direito da fala de ninguém. Não está condenado. Por que você vai impor a um ex-presidente aquela situação deprimente que é de colocar uma tornozeleira?”, questionou.
Caiado destacou que a imposição da medida ao ex-presidente Bolsonaro é incompatível com o regime democrático. Ele afirmou que o ex-chefe do Executivo tem comparecido à Justiça sempre que convocado e que sua disposição em colaborar com as investigações não justificaria medidas restritivas. “O direito da pessoa falar, opinar, ter direito ao contraditório, isso aí é um direito que você tem. Você não foi processado, você não está condenado”, reforçou.
O governador classificou a decisão como um “absurdo” e disse que ela representa um desrespeito à liderança política de Bolsonaro. “Você põe bandido que está em progressão de pena, maloqueiro. Não se utiliza tornozeleira eletrônica numa pessoa que está aí, respondendo. É inaceitável isso”, concluiu Caiado. A declaração reacende o debate sobre os limites do Judiciário e as garantias constitucionais no Brasil.