Concessionária afirma que notificou empresas e promete reorganizar rede em um ano; crítica aponta que identificar não basta quando vidas estão em risco.
Por Richelson xavier
O gerente de Serviços Técnicos e Comerciais da Equatorial Energia, Leandro Chaves de Melo, afirmou nesta terça-feira (7) que a empresa já identificou 5 mil postes com irregularidades, somando 20 mil falhas em cabeamentos de uso compartilhado em Anápolis. Segundo ele, o trabalho vem sendo realizado “há anos”, e agora passa a contar com apoio da Prefeitura, do Ministério Público e de 37 empresas de telecomunicação para acelerar a correção.
“Hoje a gente está conseguindo, de fato, agregar o que a gente precisava para reverter esse cenário, que é a união da Prefeitura, do Ministério Público e das empresas que utilizam a infraestrutura dos postes”, declarou Leandro. Ele afirmou que o plano emergencial prevê 180 dias para eliminar os cabos em risco e até um ano para reorganizar toda a rede.
Durante a reunião, Leandro destacou que a responsabilidade direta pelos cabos é das empresas de telecomunicação, não da Equatorial. “Nosso papel é identificar e notificar. Não há cabos de energia nesses espaços. O que fazemos é fiscalizar e informar sobre as irregularidades”, explicou. Segundo ele, “mais de 5 mil postes e 20 mil falhas já foram notificadas” desde o início das ações.
Contudo, o discurso da empresa levanta questionamentos. De que adianta identificar 20 mil irregularidades se nenhuma medida efetiva foi adotada a tempo? O caso da morte do menino João Vítor, eletrocutado por um fio energizado em via pública, expôs a gravidade da omissão coletiva. Como observa o prefeito Márcio Corrêa, “não basta identificar; é preciso agir, notificar, cobrar e resolver”. A tragédia mostra que a lentidão das medidas — agora prometidas para um prazo de até um ano — pode custar novas vidas.
Ao ser questionado sobre a aplicação de penalidades, Leandro disse que a competência para multar é da Anatel, e que a Equatorial “não tem liberdade legal para sancionar diretamente as empresas”. Segundo ele, o papel da concessionária é notificar e encaminhar as informações às agências reguladoras. “Se houvesse algum dispositivo que nos desse essa capacidade de agir de forma mais enérgica, nós já teríamos feito”, afirmou.
O gerente ainda alertou a população sobre o risco de tentar remover fios por conta própria. “Pedimos que as pessoas não se aproximem dos cabos. Mesmo que pareçam de telecomunicação, há risco de choque. O correto é acionar nosso 0800 e informar o endereço para que uma equipe vá ao local com segurança”, orientou.
O encontro fez parte do lançamento do programa “Anápolis Rede Segura”, liderado pelo prefeito Márcio Corrêa (PL), em parceria com o Ministério Público de Goiás, a Equatorial, a Anatel e empresas locais. O projeto visa reorganizar e fiscalizar a rede de cabos e fios espalhados pelos postes da cidade — uma medida urgente diante do risco que, como a tragédia de João Vítor mostrou, não pode mais esperar.