Por Danianne Marinho
Me espanta o vazio ideológico do debate sobre o enfrentamento ao coronavírus. Por mais que muitos se esforcem a discussão tem sido rasa e medíocre. Nivelamos por baixo a ideia num maniqueísmo entre salvar a economia x preservar a vida.
No Século XIX, os países europeus durante a Revolução Industrial sofreram forte impacto nas condições de vida suas populações. Os temas relativos à saúde eram pauta prioritária das reivindicações da sociedade organizada daquela época. Desse processo temos o advento da Medicina Social, resposta aos problemas de doenças originadas pela industrialização e aglomeração de grandes populações humanas. Surge toda uma preocupação com essa nova realidade das sociedades modernas.
A política médica impõe responsabilidades ao Estado como responsável por ações, leis e regulamentos relativos à saúde coletiva, naquela época entendida como saúde pública. Cabe ao Estado o papel de agente fiscalizador da aplicação social das normas e definições que garantam a preservação da saúde da coletividade.
No Século XIX o debate girava em torno da garantia da qualidade da saúde das forças produtivas para não haver paralisação dos meios de produção. O neoliberalismo é tão predador que no Século XX prefere colocar toda a força de trabalho em risco do que perder os lucros do capital especulativo. Como diz Lulu Santos, assim caminha a humanidade…
Danianne Marinho
Professor no Curso de Medicina da UniEvangélica
Membro da coordenação do ZAP CORONA da Prefeitura de Anápolis