Item de cor rubro-negra representa luta da população ucraniana pela liberdade
Por Pleno News
Durante as manifestações deste domingo (31), em São Paulo, alguns apoiadores do presidente Jair Bolsonaro portavam uma bandeira da Ucrânia e outra rubro-negra com um tridente ao centro. Manifestantes contrários ao movimento iniciaram uma confusão sob a justificativa de que o item era uma representação neonazista.
Parte da imprensa também “comprou” o discurso e afirmou que o item era uma referência ao neonazismo. A informação, porém, não procede. É o que diz o embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, que afirma que a bandeira na verdade tem um simbolismo histórico da luta do povo daquela nação.
– Essa bandeira rubro-negra é bandeira histórica que significa terra fértil da Ucrânia, em sua faixa negra, e o sangue que ucranianos derramaram durante séculos pela nossa soberania, liberdade e pela nossa independência [na faixa vermelha]. A bandeira tem o brasão ucraniano, o tridente, que é o símbolo do príncipe Vladimir, do século X, que trouxe o cristianismo para a Ucrânia e o tridente significa a Santíssima Trindade – disse.
O embaixador também lembrou que uma lei aprovada pelo Parlamento do país, de 2015, estabelece quais itens ligados ao nazismo e ao comunismo têm uso proibido e identificou que a bandeira usada neste domingo não está entre eles.
– Essa lei tem os símbolos das duas ideologias que são proibidas [comunismo e nazismo], essa bandeira rubro-negra não está na lista, é bandeira histórica – destacou.
Por fim, o representante diplomático fez uma breve crítica aos veículos de imprensa que fazem um ataque aos símbolos nacionais sem uma apuração sobre seus significados e pediu que a mídia brasileira tenha um cuidado maior.
– Nós não concordamos com algumas interpretações da mídia brasileira da nossa história e dos nossos símbolos. Pra nós ucranianos esses símbolos são sagrados. Por isso, eu apelo para a mídia brasileira para ver o contexto, o significado verdadeiro desses símbolos e não interpretá-lo deliberadamente assim como fazem as redes sociais – completou.
Foto: Folhapress/Marlene Bergamo