Por Danianne Marinho Professor no Curso de Medicina da UniEvangélica
Esta semana mais uma vez o Brasil se dividiu. Agora estamos separados entre os que desejam traçar estratégias de combate à epidemia de coronavírus baseados nas recomendações sanitárias, e os que defendem a manutenção das atividades econômicas com intervenções pontuais. Todos têm suas razões, porém necessitamos de uma saída ponderada.
Eu tenho muitas preocupações econômicas também. Não estou imune a uma possível crise que afete o mercado. No entanto, tenho a responsabilidade como sanitarista de opinar baseado no que dizem as autoridades sanitárias mundiais. Não é uma situação simples.
Subestimamos a crise mundial! Não nos preparamos devidamente. Não importamos insumos suficientes, não zeramos o déficit de leitos hospitalares e complementares de UTI no SUS. Não temos no Brasil a quantidade de testes necessários ao diagnóstico para COVID-19. Os equipamentos de proteção individual disponíveis são em quantidades insuficientes para atender a demanda dos profissionais de saúde. Mais uma vez o Brasil foi péssimo gestor e ainda estamos fazendo um verdadeiro FLA x FLU na política como se o problema é ter ou não ter um decreto para isso ou aquilo. É muito mais profundo! Estamos atrás de soluções simples para questões complexas.
Meu receio é de que após o epicentro da contaminação se deslocar para os EUA, o próximo sejamos nós. Temo chorarmos nossas tomadas de decisões sem evidências de gestão, baseadas meramente na disputa política. Não foi por falta de aviso. Deveríamos ter cancelado o carnaval. Deveríamos ter encomendado no mínimo 50 milhões de testes para ofertar de imediato a todos os casos suspeitos e aos outros assintomáticos que mantiveram contato com aquela pessoa infectada. Ouvi de um amigo e comungo de sua opinião de que gestor que não aprende com o erro dos outros não tem outra chance. Vimos o mundo inteiro errando e estamos tomando as mesmas decisões equivocadas.
Precisamos de uma saída ponderada. Uma conciliação entre as medidas sanitárias e a redução de danos na economia. Caso contrário poderemos enfrentar situações de difícil controle.
Podemos pecar pelos excessos. Podemos nos equivocar pelo agir. Não podemos pecar pela omissão. Não podemos aceitar a política do quanto pior melhor pra mim eleitoralmente. Estamos falando de vidas!
Danianne Marinho
Professor no Curso de Medicina da UniEvangélica
Membro da coordenação do ZAP CORONA da Prefeitura de Anápolis