Por Richelson Xavier
Eu confesso que, toda vez que leio uma notícia sobre o estado de saúde de Jair Bolsonaro, me lembro do episódio de Juiz de Fora em 2018 como se fosse ontem. A facada de Adélio Bispo não foi apenas um atentado contra a vida de um candidato à presidência; foi um golpe que continua reverberando até hoje, dentro do corpo e da trajetória política de Bolsonaro. A cada nova internação, cada cirurgia, cada complicação, fica claro que aquela lâmina foi de fato para matar. E o mais impressionante: até hoje querem que acreditemos que Adélio agiu sozinho, como se fosse um milagre às avessas.
Sempre achei curioso como um “desempregado” conseguiu, de repente, mobilizar grandes criminalistas para sua defesa. Como havia por trás dele uma estrutura de celulares, computadores e conexões que em nada se encaixam com a narrativa oficial de um “lobo solitário”. E mais: naquele mesmo dia, Adélio aparece registrado telepaticamente na Câmara dos Deputados. Telepaticamente também conseguiu apoio jurídico de ponta. Para mim, soa como uma farsa mal contada, uma verdade escondida a sete chaves.
Agora, enquanto Bolsonaro luta contra as sequelas físicas da facada — aderências, vômitos, crises, internações e a impossibilidade de novas cirurgias — o que vemos é um homem debilitado, mas ainda sendo alvo de uma máquina judicial e política que parece não descansar. Basta olhar o episódio recente: uma multa de um milhão de reais por causa de uma piada. Sim, uma piada com um apoiador de cabelo Black Power, que inclusive declarou publicamente que não se sentiu ofendido. Aliás, foi além: disse que não deveria haver processo e que, se o dinheiro for liberado, ele devolve ao próprio Bolsonaro.
Mesmo assim, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região entendeu diferente. E aí, quando a gente olha quem relatou o processo — alguém com histórico de ligação com o PT, indicado por Dilma, envolvido em episódios polêmicos como a liminar que tentou soltar Lula em pleno plantão de domingo — fica impossível não enxergar um viés. A balança da justiça, que deveria ser cega, parece estar cada vez mais com os olhos bem abertos, mas voltados apenas para um lado.
É esse tipo de seletividade que me incomoda profundamente. Não é sobre defender erros ou acertos de Bolsonaro, mas sobre a clara desigualdade de tratamento. Quando o próprio suposto ofendido declara que não houve ofensa, como justificar uma condenação milionária? Isso não é justiça; é perseguição com verniz jurídico.
Enquanto isso, Bolsonaro continua pagando, em corpo e em vida, o preço daquela facada. E nós, como sociedade, continuamos assistindo a um espetáculo onde interesses políticos se misturam com decisões judiciais, deixando cada vez mais evidente que a verdade inteira ainda não veio à tona.
Eu, pelo menos, não consigo aceitar a versão simplista do “Adélio solitário” e tampouco consigo confiar em uma justiça que escolhe quando rir de uma piada e quando transformar uma brincadeira em crime. Para mim, está cada vez mais claro: a faca não parou em 2018. Ela segue sendo usada, só que agora, em silêncio, dentro dos tribunais.














