No Brasil, democracia é a palavra da vez. Por todos os lados ouvimos pessoas declarando sua luta pela democracia. Realmente, a democracia é essencialmente importante para a nossa nação, o problema é quando indivíduos mal-intencionados utilizam esse termo para sustentar seus exageros e silenciar os que não apoiam suas extravagâncias libertinas, transformando assim, um sistema político que prega a liberdade em um regime autoritário e tirânico.
Por Emerson Faria
No livro A República, Platão relata um diálogo onde Sócrates faz uma declaração que pode ser perfeitamente traduzida da seguinte maneira: “É natural que a tirania não se estabeleça a partir de nenhuma outra forma de governo que não seja a democracia e, julgo eu, que do cúmulo da liberdade é que surge a mais completa e mais selvagem das escravaturas”.
Parece um tanto quanto contraditório dizer que as ditaduras e tiranias são resultado da democracia, justamente o sistema de governo que tem como premissa a aversão a regimes autoritários. Também não aparenta ser muito razoável alegar que o excesso de liberdade gera a escravidão. Porém, precavendo-se contra os eventuais questionamentos a respeito dessa declaração, Sócrates explica-se anteriormente contando que, assim como o desejo excessivo por riqueza e a indiferença que ele inspira por todo o resto é que fazem do sistema oligárquico um regime tirânico, a democracia se torna uma ditadura quando um apetite exagerado por liberdade toma conta das mentes dos indivíduos.
O filósofo explica que, quase invariavelmente, a liberdade é confundida e acaba transformando-se em libertinagem, o indivíduo embriaga-se com a vontade de satisfazer os seus prazeres e torna-se autoritário e hostil a todo aquele que ousar simplesmente discordar das suas extravagâncias.
Descrito dessa maneira, esse costume, além de muito ruim, parece ser impraticável por qualquer ser humano com o mínimo de sanidade. Infelizmente, a verdade é que isso acontece de forma recorrente na sociedade, tornou-se uma tradição que se inicia na Grécia Antiga e é disseminada até os dias de hoje pelos esquerdistas revolucionários.
Um ótimo exemplo disso é o fato de que atualmente é comum o relato de jovens despejando toda a sua revolta contra uma determinada parte da sociedade, esbravejando insultos e taxando de fascistas, opressores e reacionários todos aqueles que não aderem cegamente ao seu assombroso entusiasmo com a libertinagem sexual. Acreditando que a sua sexualidade pode fluir de inúmeras formas diferentes, vivem aspirando ser tudo ao mesmo tempo e no fim tornam-se nada, indivíduos fadados a experienciar uma vida sem essência, sem propósito e sem sentido, escravos de seu instinto animal mais primitivo: fugir da dor e buscar o prazer a todo custo. Os coitados são incapazes de perceber que podem inventar quantos termos quiserem para tentar definir as suas diferentes identificações sexuais, mas no fim das contas, se precisarem de ajuda médica relacionada a essa área, só poderão recorrer a dois tipos de médico: urologista ou ginecologista.
Há também as feministas que, sob a jura de lutarem pela liberdade, tornaram-se escravas de um movimento ideológico que as faz acreditar que, como dizia Chesterton, “as mulheres são livres quando servem aos seus empregadores, mas são escravas quando ajudam seus maridos”. São açoitadas todos os dias pela falsa afirmação feminista de que ser mulher é essencialmente um fardo desde o nascimento e tornam-se cegas diante da possibilidade de enxergar os privilégios de ser uma mulher. Atualmente, prometendo liberdade, o feminismo escraviza a mulher e a obriga a abandonar sua feminilidade e desistir de ser uma dama de excelência para se tornar um “homem” medíocre.
Eu poderia expor aqui vários exemplos como os citados acima, mas o que eu quero dizer é que, basicamente, o que acontece na democracia é que o excesso de desejo pela liberdade faz com que as virtudes sejam ignoradas e introduz na alma da sociedade a libertinagem e a decadência moral, isso tudo utilizando belíssimos nomes, chamando a insolência de pensamento livre, nomeando anarquia como liberdade, deboche como magnificência e a imprudência como coragem.
Não estou pregando contra a democracia, reconheço sua importância para o Brasil. O grande problema é que no Brasil as pessoas usam esse termo para tentar justificar os seus excessos e calar a voz de quem não concorda com a libertinagem abraçada por pelos que acreditam que podem fazer qualquer coisa para simplesmente suprir seus prazeres. O exemplo mais recente disso foi que, em nome da democracia, elegeram um homem que afirma que roubar um celular para poder saciar o desejo de tomar uma cerveja é completamente aceitável. Contudo, muitos brasileiros parecem não perceber o perigo que isso representa, contra isso eu os alerto trazendo à tona um episódio recente da história da Alemanha. Em 1934, o presidente da Alemanha era Paul Von Hindenburg, com seu falecimento em agosto desse mesmo ano foi realizado um plebiscito para decidir qual seria o rumo da nação, cerca de quarenta e dois milhões de pessoas votaram e, com noventa por cento dos votos favoráveis, Hitler foi escolhido para ser o novo dirigente do país. Ou seja, o povo alemão fez sua escolha de forma democrática e permitiu que um tirano, subindo os degraus da democracia, chegasse ao topo do poder e conduzisse sua nação e boa parte do mundo para um período de intolerância, escravidão, perseguição, guerras e morte.
Emerson Faria, anapolino, acadêmico de direito, cristão e conservador. @emersonfaria.cc
Como é bom ler textos com embasamentos e total esclarecimento da mais pura verdade. Parabéns jovem !
TOP 👏🏼👏🏼👏🏼, matéria super válida e de uma extensão muito ampla.