Coordenadora de Nutrição da FAMA alerta: radicalismo e modismos sem base científica prejudicam formação de hábitos alimentares saudáveis. Educação nutricional deve combater preconceitos.
Por Richelson Xavier
ANÁPOLIS, GO – Em um país onde a cultura alimentar oscila entre a tradição do arroz com feijão e a sedução dos ultraprocessados, a coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário FAMA, Paula Feitoza, defende uma revolução silenciosa mas urgente: transformar a relação do brasileiro com a comida não como restrição, mas como ato de cuidado consigo mesmo. Em entrevista ao Jornal da Voz FM 107,7 e PortalAnapolis.com, ela desmonta mitos e alerta para os perigos das “dietas da moda” sem embasamento científico.
“O preconceito contra a alimentação saudável ainda limita muito as pessoas”, afirma a especialista, destacando que profissionais radicais – que propõem exclusões alimentares bruscas – acabam afastando a população do acompanhamento nutricional. O resultado é visível: saúde cognitiva comprometida, desempenho físico reduzido e dificuldade até em atividades básicas do dia a dia. “Para ter energia, força e qualidade de vida, é preciso nutrir o corpo de forma adequada. Isso não é luxo, é necessidade fisiológica”, enfatiza.

A formação dos novos nutricionistas, segundo ela, é chave para mudar esse cenário. Na FAMA, a conexão entre teoria e prática é prioritária: “Alunos precisam vivenciar na prática o que aprendem na sala de aula, desenvolvendo senso crítico para não cair em modismos das redes sociais”. Ela cita que muitos estudantes chegam ao curso com informações superficiais e passam por transformações profundas em seus próprios hábitos durante a graduação. “Não se nasce nutricionista: torna-se, através de escolhas consistentes e embasamento científico”.
O grande desafio, conclui, é combater a ideia de que nutrição é sinônimo de restrição. “O nutricionista não é um ser iluminado que nunca come algo ‘não saudável’. Estamos todos em evolução constante”. Para ela, o exemplo pessoal é fundamental: “Precisamos praticar o que pregamos, mas sem radicalismos. Alimentação balanceada é sobre equilíbrio, não sobre perfeição”. Uma reflexão necessária em um país onde 60% da população está acima do peso, segundo o IBGE, mas que ainda vê a comida saudável como inimiga do prazer.
