Por Eva Cordeiro
No Brasil, enquanto as médias e grandes empresas encerraram 2020 com resultado negativo de 193,6 mil empregos, multiplique cada emprego direto por mais 4 empregos indiretos e você pode imaginar o impacto disso na Economia Nacional e na vida das pessoas.
Junto com a pandemia veio a crise de bares e restaurantes, o fechamento de hotéis e pousadas, a quase morte das empresas de eventos e a reboque o desemprego de centenas, milhares de brasileiros que viram seu poder aquisitivo desabar e suas vidas mudarem drasticamente.
Com a lenta reabertura do mercado e a necessidade de sobrevivência o número do registro de MEI´s (Microempreendedores Individuais) paradoxalmente aumentou e isso tem uma explicação plausível: o brasileiro, que é antes de tudo um forte, arregaçou as mangas e decidiu empreender em meio ao momento mais difícil da nossa história econômica recente.
O número de Microempreendedores Individuais (MEI) também cresceu no país ao longo de 2020. Do total de 3.359.750 empresas abertas no período, 2.663.309 eram MEIs, representando um crescimento de 8,4% em relação ao ano de 2019. Os dados são do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. De acordo com os números, no fim do terceiro quadrimestre de 2020, existiam, no Brasil, 11.262.383 MEIs ativos. Em março de 2021 eles já respondiam por 56,7% do total de negócios em funcionamento no país.
É claro que as grandes empresas, as multinacionais e as empresas de médio porte que conseguiriam segurar ao máximo as demissões, que se adaptaram ao mercado durante a pandemia e que estão recontratando são responsáveis e muito pelo novo ritmo de retomada econômica que começa a surgir no país.
Entretanto é preciso reconhecer a força, a garra e o papel do brasileiro empreendedor que através de uma receita de família, que de metalúrgico se tornou serralheiro, que de operário se tornou autônomo de pequenos reparos como uma grande engrenagem invisível que não deixou a Economia parar e que tem feito ela girar mais rápido agora em tempos de vacina e retomada.
É uma verdadeira revolução econômica silenciosa construída pelo empreendedorismo de necessidade de milhares de brasileiros e brasileiras que diante do desafio do desemprego ao invés de cair no desalento se jogaram no trabalho se tornando microempresários, criando novos negócios, envolvendo a família e muitas vezes gerando emprego e renda para vizinhos e amigos.
Muitos destes não retornarão ao mercado formal de trabalho com clt pois seus empreendimentos que nasceram em garagens, cozinhas e quintais ganharam fôlego, cnpj e hoje sustentam suas famílias sendo verdadeiros “cases” de sucesso.
É preciso agora ambiente legal favorável a nossos empreendedores, que os governantes compreendam isso e criem políticas públicas favoráveis, microcrédito, processos de desburocratização e assim possamos ver surgir novos empreendedores em 2022, não mais por necessidade, mas pelas oportunidades que virão e acreditem, virão muitas.