Não é difícil de compreender todo esse silêncio, pois estamos falando de crianças e adolescentes que em sua maioria sofrem ou sofreram o abuso por parte de alguém muito próximo, alguém que deveria impor o respeito e acolher, mas que aproveitou a fragilidade para abusar sexualmente e psicologicamente.
Por Cleide Hilário
Anápolis – Quase todos os dias abrimos nossas redes e nos deparamos com casos de abusos sexuais infantis, a maioria deles ocorrem dentro da própria casa e precisam de algum tipo de “tragédia” para ser anunciados. Do contrário, são mantidos em silêncio por muitos anos, as vezes uma vida inteira.
Não é difícil de compreender todo esse silêncio, pois estamos falando de crianças e adolescentes que em sua maioria sofrem ou sofreram o abuso por parte de alguém muito próximo, alguém que deveria impor o respeito e acolher, mas que aproveitou a fragilidade para abusar sexualmente e psicologicamente.
Os dados são assustadores e chega a causar medo, e nos faz pensar na necessidade de criarmos mais debates, envolver mais a sociedade, levar o assunto para dentro das escolas, para quem sabe assim, nossas crianças e adolescentes comecem a sentir que podem ser ouvidos, que podem ser acolhidos e salvos dessas relações.
Enquanto agente público, tenho tentado trabalhar essa conscientização, através de projetos de leis e debates com a participação da sociedade civil organizada e órgãos públicos que atuam nessa área diretamente. Mas me pergunto todos dias, o que mais temos que fazer e investir para mudar essa realidade tão triste.
Aqui em Anápolis temos uma rede muito atenta e atuante, formada pelo Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), o Ministério Público, o Tribunal de Justiça, Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente, Conselhos Tutelares e o CREAS- Centro de Referência e Assistência Social . Todos unidos no propósito de proteger e acolher essas vítimas que em sua maioria não tem voz perante a sociedade.
Mas enquanto sociedade, o que podemos fazer para ajudar? Como chegar mais perto dessas vítimas? Eu penso que precisamos ajudar a quebrar esse tabu e falar mais sobre esse tema dentro das salas de aula, colaborar direta e indiretamente com os professores e membros das escolas, para levar o assunto ao debate sempre.
Hoje, o principal canal para denúncias é o disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) que as examina e encaminha aos serviços de atendimento, proteção e responsabilização. As situações são normalmente endereçadas a Conselhos Tutelares, Ministério Público e órgãos da segurança pública – Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente, Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.
Precisamos estar atentos e levar esse canal para o mais próximo possível das vítimas, fazer entender que a violência não é só o abuso sexual, mas qualquer tipo de exploração infantil. Precisamos cumprir nosso dever e assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Cleide Hilário, é casada, mãe, cristã e conservadora. Bacharel em direito, Vereadora em Anápolis e Procuradora Especial da Mulher na Câmara Municipal de Anápolis. Trabalha em prol do social há mais de 20 anos, defende bandeiras das mulheres contra a violência doméstica, do idoso e da criança. Faz parte do partido Republicanos desde 2007, que defende bandeiras como família, a fé e o conservadorismo. Instagram @cleidehilario10